domingo, maio 21, 2006
Um olhar sobre a cidade
de Maria de Lourdes Trindade "Aprender uma cidade é na verdade uma coisa lenta, é preciso saber alguma coisa e precisamos andar distraídos, bem distraídos para reparar nessa alguma coisa..." Rubem Braga.
Fruto da imaginação e do trabalho articulado de muitas pessoas, a cidade é uma obra que desafia a natureza.
Desde a sua origem, como local de cerimonial é na cidade que moram os deuses, capazes de garantir o domínio sobre o território e a gestão da vida coletiva.
Sede de poder e da administração, lugar de criação de símbolos e mitos, não estariam essas características presentes nas grandes cidades hoje?
Na era da eletrônica não seriam seus prédios de vidro e metal os centros de decisão dos destinos de seus habitantes? Os outdoors, os shopping centers e as telas de televisão não seriam os seus novos deuses?
Ao contrário da cidade antiga, cercada e vigiada para defender-se de inimigos externos, a cidade contemporânea se caracteriza pela velocidade da circulação. São fluxos de mercadoria, capital e pessoas em ritmo cada vez mais acelerado, rompendo barreiras, subjugando territórios, destruindo muitas referências do passado, onde os registros foram sendo apagados em nome do progresso.
Nas grandes metrópoles é fácil identificar diferentes espaços: espaços específicos de cada grupo social, espaço de trabalho e moradia e espaços tratados de forma desigual por parte das administrações locais.
Este foi o primeiro texto, de cinco, sobre o tema cidade, que os meus alunos do segundo ano do Ensino Médio, do Colégio São Vicente de Paulo (RJ) analisaram antes de saírem pelo Rio de Janeiro exercitando ..."um olhar sobre a cidade".
Inseriu-se dentro do assunto urbanização e desenvolveu-se a partir de um trabalho de campo em que, as turmas divididas em equipes de 4 ou 5 alunos, saíram fotografando a cidade do Rio de Janeiro em seus diferentes aspectos de grande metrópole.
O resultado foi, que as imagens, dependendo do olhar, sugeriram esperança, alegria, pessimismo, bom humor, perplexidade, indignação...
Vale conferir.
A luta pela sobrevivência com baixos salários, muitas horas de trabalho, o corre-corre do dia-a-dia, o barulho, a sujeira etc tudo isso dá a maioria de pessoas que habitam as grandes cidades a impressão de viverem em um lugar caótico.
Dizem que o carioca é um povo sensual porque vive numa cidade mulher. As curvas e os contornos que ela possui dão a sensação de uma aventura a cada dia.
Os narradores da cidade vivem em constante tensão com o espaço narrado pois as transformações são de tal modo vertiginosas que mal há tempo para acompanhar.
Espremida entre o mar e a montanha, ladeada por praias, lagoas, baía e restinga, num desenho muito bonito o Rio de Janeiro deveria ter de seus habitantes mais cuidado, mais carinho.
Nos arranjos internos das cidades, as casas assobradadas, os casarões coloniais e as ruas estreitas tiveram que dar lugar aos edifícios funcionais, capazes de abrigar pessoas e atividades produtivas.
O trânsito de pessoas numa cidade atualmente é vital para o desenvolvimento das mais diferentes atividades seja ela de produção, de comércio e de serviços.
Nas cidades proprietários, operários, faxineiros e funcionários habitam bairros diferentes, ou se nos mesmos bairros, casas diferentes usufruindo dos recursos de modo diverso.
Uma exposição de fotos funcionou como a culminância do projeto. Ao se deparar com toda a produção arrumada - fotos e pequenos textos - foi possível perceber que vários aspectos da urbanização foram rompidos: deixou de existir o modo tradicional da vida urbana, em suas diversas manifestações; hoje não vivemos mais a cidade, e sim subsistimos à espera do dia de abandoná-la; natureza e sociedade, neste espaço, não têm mais uma convivência harmoniosa.
Ao mesmo tempo, foi possível perceber como a Cidade do Rio de Janeiro conta com uma topografia que encanta aos olhos, mesmo precisando de mais atenção de seus habitantes.
em Portal da Educação Pública
dito por li stoducto
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1 Comments:
Ivo Korytowski said...
Interessantes reflexões e bonitas fotos.
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