sexta-feira, fevereiro 09, 2007
Tem saída?
Dormimos ontem e acordamos hoje com o pesadelo da barbárie praticado contra um menino de seis anos por três jovens - vejam só, três JOVENS! - por causa do roubo de um carro. O que será que estamos virando no nosso Rio de Janeiro? Animais na selva tirariam um filhote da toca ou do ninho para matar a fome. É o máximo de truculência que dá para entender. Mas com gente é diferente, como dizia o Vandré. Ou ao menos se espera que seja. O que será que está faltando? Faltam várias coisas, parece, todas elas importantíssimas, fundamentais para formar gente que mereça ser chamada assim. Falta educação básica, não só para ensinar a ler e a contar, mas para ensinar como se vive com dignidade. Faltam recursos a uma parcela assustadoramente crescente da população para viver desse modo dito digno (e nesse item a coisa é tão complicada que dói explicar). Falta punição, certeza de que a cana vai chegar e é dura pra valer - não com torturas e mais violência, mas com firmeza e tempo de reclusão, penas à altura do crime que se pratique. Portanto, falta justiça de todos os lados, a começar pelo atendimento às necessidades básicas da população carente e às condições para que se possam satisfazer a essas necessidades. Mas falta mais alguma coisa, o que é mesmo? Ah, já sei. Falta exemplo. Em casa o exemplo do pai que às vezes nem comparece; na escola o exemplo do professor que ganha uma merreca e tem que trabalhar em três empregos e vive estressado demais para cumprir sua missão; no governo... Bom, não vamos falar disso agora. Só uma coisa precisa ficar clara: num país, a figura do pai corresponde ao governo e seus vários círculos, ou seja, aos homens públicos. Foram três jovens. Três feras, que infelizmente não terão de ninguém que se respeite a indulgência e a compreensão que um jovem merece, porque pelo visto não há mais o que esperar deles. E os outros, os tantos outros iguaizinhos a eles que andam por aí? É muito angustiante, porque não se pode rotular ninguém, mas alguns parecem já trazer o rótulo na testa. Será que tem saída?
dito por dade amorim
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3 Comments:
LD said...
Sabe o que acho que mais preocupa? Os três não saíram de casa com a intenção deliberada de cometer um crime bárbaro. Saíram para fazer um roubo, como tantos outros, e isso acabou resultando na tragédia horrorosa que vimos. Acho que dá medo desse descontrole, de que, até quando a intenção não é gerar um dano grave, as coisas podem sair absurdamente do controle, inesperadamente, e dar origem a barbaridades como essa. Estamos todos muito vulneráveis...
Lunna Guedes said...
Não tenho palavras para definir o que penso... As vezes prefiro me abstrair para não ter que analisar as insanas atitudes humanas...
Abraços
Ana Peluso said...
Não, sem brincadeira, o negócio está assustador. E isso não é conversa da avó da gente vendo a mini-saia pela primeira vez. As pessoas - como bem colocou a Laura, acima - estão surtando. Menina chutando professora até causar traumatismo craniano... Que que é isso? A gente acaba ficando sem palavras, mesmo...
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