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Efeito colateral
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segunda-feira, abril 09, 2007


pão de açucar visto de santa teresa- imagem eliane stoducto











adeus

eu podia falar contigo
no fundo da noite.

podia ligar-te e viajaríamos
a ironia de cada uma
atravessadas pelas horas.

eu podia ouvir-te o riso
e saber da tua lealdade,
da coerência das tuas escolhas.

podia ir conhecendo
a generosidade,
a alma despida de hipocrisias

eu podia beber contigo
as confidências todas,
o rio de janeiro, cenário,
para a amizade a construir-se.

eu podia abraçar-te,
dar-te a mão, e saber contente
que nos encontráramos.

o encontro é privilégio de poucos
só aí minha tristeza tem algum consolo

adeus, irmã.

silvia chueire




dito por Silvia Chueire

20 comentário(s)








domingo, abril 08, 2007

Falta alguém no Rio




É domingo de Páscoa e chove agora à noite. Rua deserta, casa deserta, coração vazio.
O outono que começava até parecendo ainda verão agora é uma ausência sem jeito.
É domingo de Páscoa e falta alguém no Rio.


dito por dade amorim

9 comentário(s)








sábado, abril 07, 2007

O Rio hoje está doendo... (e eu também)





dito por M.

4 comentário(s)








quarta-feira, março 28, 2007

TIJUCA EM CRÔNICA - O FICINA DE CONTOS E CRÔNICAS NO SESC TIJUCA.


Oi
Veja se é bom prá vc. É 0800 (= GRÁTIS...). bjs


Caros amigos escritores, poetas, professores, jornalistas, ativistas culturais, livreiros e blogueiros,

Peço-lhes uma mão para divulgar a oficina Tijuca em Crônica. Sei que vocês são pessoas antenadas e que possuem uma boa lista de divulgação. No próximo mês orientarei uma oficina de contos e crônicas no Sesc Tijuca, a Tijuca em Crônica. Nela, trabalharemos bastante contos e crônicas de autores clássicos e contemporâneos, incluindo produções de vocês. Nos exercitaremos através de textos que enfocam o bairro da Tijuca e suas peculiaridades e o próprio Sesc. Nossos textos serão publicados em um blog, que iremos "linkar" a uma página virtual do SESC.

É uma oportunidade interessantíssima para criarmos novos leitores-escritores, por se tratar de uma oficina gratuita e sem ônus financeiro algum para o participante, além de ser uma experiência que, se der certo, acolherá outros escritores que surgem no cenário literário contemporâneo, portanto, reforço o pedido de divulgação e peço que divulguem a oficina e o web convite em suas páginas, blogs, zines, colunas e jornais, peças teatrais, intervenções poéticas, salas de aula, universidades, divulguem também para seus vizinhos, amigos, cachorros e papagaios. É a militância literária! Mão na massa! (melhor, na caneta e no teclado).

Caso alguém precise de material de divulgação é só entrar em contato, temos cartazes e panfletos para colar em todo Rio de Janeiro, em sampa também (para tirar uma chinfra), aliás, o cartaz está maravilhoso, ficou porreta! Mais alguam informação é só me perguntar.

Por fim, vale informar que este trabalho faz parte de uma série de eventos que o Sesc Tijuca realizará por ocasião da comemoração de seus 30 anos de existência e é uma parceria entre o Sesc e o Sobrado Cultural.


SERVIÇO:


TIJUCA EM CRÔNICA

Inscrições gratuitas!

Você já pode se inscrever na biblioteca do Sesc Tijuca e por telefone!
End: Rua Barão de Mesquita, 539. Tel: 3238-2156.

Início: 03/04/2007.
Término: 12/06/2007.
Todas terças-feiras, das 18:00 às 20:00.


dito por li stoducto

1 comentário(s)








terça-feira, março 20, 2007

Copacabana, Copacabana...


(foto publicada na coluna Ancelmo Goes - O Globo 20.03.2007)


dito por M.

0 comentário(s)








domingo, fevereiro 25, 2007

Rio de Janeiro, gosto de você


Monobloco hoje na Av. Atlântica, num domingo imoral de azul, a 40 graus. É um "sei la o quê" que existe nesta cidade... Não dá pra explicar.

Foto: Ricardo Leoni/Agência O Globo


dito por M.

3 comentário(s)








sábado, fevereiro 24, 2007

Efeito colateral


Assim que conseguiu juntar o suficiente para uma vida sem maiores cuidados, tratou de procurar uma casa acolhedora em um lugar aprazível, não muito distante do Rio, onde pudessem, ele e a mulher, desfrutar a paz da natureza e uma vida sem complicações. Em pouco mais de três meses tinham essa casa: ficava entre a serra e o mar no estado do Rio, à beira de um lago escuro e plácido, rodeada por um bosque, um jardim que já encontraram florido e um pequeno pomar. Pensaram nos amigos, fins de semana reconfortantes e até férias que poderiam lhes oferecer, agradando a eles e animando sua nova vida.
Logo que se mudaram ficava horas a contemplar o lago, morada de carpas imensas, trutas e cardumes de peixinhos que ia admirar da margem onde se instalava em uma cadeira preguiçosa com um livro nas mãos.
Descobriu nesse período que existe uma variedade infinita de insetos de formas e cores interessantíssimas – alguns dos quais incomodam muito, é verdade. Aprenderam depressa a usar repelentes para se defender do lado menos confortável da vida ao ar livre – o que resolvia a situação em parte, porque a mulher sofria de alergia ao cheiro desses produtos e espirrava sem parar depois de usar um deles.
Não pretendiam converter-se em eremitas; sabiam que a convivência dos outros lhes faria falta. A intenção era não deixar passar mais de vinte dias sem uma ida ao Rio para assistir a uma peça de teatro, ir a um cinema ou visitar alguém, além das exposições de pintura que ela curtia.
O lago era um lugar que parecia feito para o silêncio e a meditação, espelhando as margens e o céu, às vezes azulado, outras meio verde ou de um negro absoluto. A água era límpida, plácida. Mais sossego, impossível.
— É engraçado, disse a mulher, numa manhã, duas semanas depois de se mudarem para a nova casa. Você às vezes não tem a impressão de estar em outro mundo?
— Eu não, isola! – ele respondeu, rindo.
Mas era verdade. Talvez porque não viam ninguém havia dois dias. Talvez porque o telefone só tivesse tocado quatro ou cinco vezes durante aquelas duas semanas. Ou porque o silêncio fosse tão denso que absorvia qualquer ruído. Um tipo de silêncio que era como um rumor surdo e permanente a soar em suas cabeças.
Ao sol, vendo os mosquitos subirem feito nuvem sobre as larvas silenciosas e os tons da vegetação das imediações, o lago parecia ainda mais gravemente imperturbável. Esperava pela noite, pela lua, e se revestia de uma vida oculta e de mistério. Mas para eles aquele encanto parecia começar a pesar.
Era setembro e já começava a esquentar, mas ainda fazia um pouco de frio durante as madrugadas. Haviam-se passado pouco mais de dois meses na nova casa. Nas primeiras duas ou três semanas, ele acordava refeito, contente e disposto, louvando o sono reparador da noite. Mas ultimamente dera para acordar às três, quatro horas e não conseguia adormecer de novo. Perder o sono naquele paraíso de silêncio era uma heresia e o contrariava seriamente. Andava meio desconfiado, por mais paradoxal que parecesse, de que a falta da agitação começava a perturbar seu sossego. O isolamento e a sensação de estar sendo esquecido começavam a estragar os sonhos de uma vida calma e livre naquela casa, idealizada durante tantos anos e construída como um antídoto para os males da civilização predatória em que tinham estado mergulhados nos últimos trinta e poucos anos. Quando o sono afinal o vencia de novo, o céu já ia ficando meio iluminado daquele tom rosado-ouro que anuncia – ou ameaça – a chegada de outro dia.
Acordou numa dessas manhãs às dez e pouco. A mulher o esperava na copa e sentada a sua frente parecia pensativa.
— Que foi?
— Bem, nem sei como te dizer isso... Mas acho que precisamos de umas férias. Que é que você acha de umas semanas de barulho, poluição e perigo?Em vez de estranhar, ele sorriu com ar de cumplicidade. E logo depois do almoço daquele dia estavam os dois a caminho do Rio.


dito por dade amorim

2 comentário(s)








sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Tem saída?


Dormimos ontem e acordamos hoje com o pesadelo da barbárie praticado contra um menino de seis anos por três jovens - vejam só, três JOVENS! - por causa do roubo de um carro.
O que será que estamos virando no nosso Rio de Janeiro? Animais na selva tirariam um filhote da toca ou do ninho para matar a fome. É o máximo de truculência que dá para entender. Mas com gente é diferente, como dizia o Vandré. Ou ao menos se espera que seja.
O que será que está faltando?
Faltam várias coisas, parece, todas elas importantíssimas, fundamentais para formar gente que mereça ser chamada assim. Falta educação básica, não só para ensinar a ler e a contar, mas para ensinar como se vive com dignidade. Faltam recursos a uma parcela assustadoramente crescente da população para viver desse modo dito digno (e nesse item a coisa é tão complicada que dói explicar). Falta punição, certeza de que a cana vai chegar e é dura pra valer - não com torturas e mais violência, mas com firmeza e tempo de reclusão, penas à altura do crime que se pratique. Portanto, falta justiça de todos os lados, a começar pelo atendimento às necessidades básicas da população carente e às condições para que se possam satisfazer a essas necessidades.
Mas falta mais alguma coisa, o que é mesmo? Ah, já sei. Falta exemplo. Em casa o exemplo do pai que às vezes nem comparece; na escola o exemplo do professor que ganha uma merreca e tem que trabalhar em três empregos e vive estressado demais para cumprir sua missão; no governo... Bom, não vamos falar disso agora. Só uma coisa precisa ficar clara: num país, a figura do pai corresponde ao governo e seus vários círculos, ou seja, aos homens públicos.
Foram três jovens. Três feras, que infelizmente não terão de ninguém que se respeite a indulgência e a compreensão que um jovem merece, porque pelo visto não há mais o que esperar deles.
E os outros, os tantos outros iguaizinhos a eles que andam por aí? É muito angustiante, porque não se pode rotular ninguém, mas alguns parecem já trazer o rótulo na testa.
Será que tem saída?


dito por dade amorim

3 comentário(s)











 


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