sexta-feira, junho 30, 2006
Uma carta de amor...
Recebi o email abaixo de uma mui cara amiga, assim não mais que de repente. Tocou-me tanto, que ouso transcrevê-lo aqui:
"Gosto muito de andar. Normalmente, faço-o na Lagoa dando a volta em seu entorno. Mas hoje resolvi mudar de cenário, fui andar no Leblon e... me deslumbrei. Fiquei em êxtase, tamanha a beleza verde-azul do céu e do mar. Isso sempre acontece comigo nas minhas caminhadas - às vezes mais, às vezes menos - , fico num certo estado de euforia e agradeço a Deus por cada nova paisagem que descubro, cada gaivota que voa. Descubro que amo esta cidade. Esqueço temporariamente a violência, a miséria, a fome que rondam cada um de nós, moradores da "Maravilhosa".
A cada pessoa que passa, me vejo sorrindo. Acho todos lindos, com seus rostos suados, magros, gordos, não importa. Importa é que há Vida palpitando em cada peito. Sinto saudade dos amigos que não passeiam mais por aqui, que estão entre nuvens e estrelas, viajando pelo céu. Penso na felicidade que sinto ao saber quantos amigos tenho ao alcance de minhas mãos. Quase choro de alegria e saudade, de ficar tanto tempo sem os ver. Com cada um vivi horas de vida - prazer, dor e risos - que me marcaram o rosto e a alma, e prometo-me ligar para cada um, assim que chegar em casa para saber como vão...
Órfã num país estrangeiro, escolhi como minha família cada amigo que fiz, e quero que saibam (não liguei, estou escrevendo) que os amo como tal. O tempo faz apenas com que eu tenha mais idade, não que eu fique mais velha, pois continuo sonhado, fazendo planos, tendo desejos (inclusive disso mesmo, que vocês pensaram), querendo conhecer a outra parte do mundo que ainda não fui - nem me ocorre na hora que podem estar dizimados por guerras, como Irãs ou Kashimiras. Acredito na conversão dos homens de guerra para homens de paz, assim como acredito nas Sereias. Sim, acredito em Sereias, aprendi com a minha mãe vê-las nadando no mar ao pôr-do-sol de um dia feliz. Minha mãe nunca contestou quando, em meus devaneios de criança, a bordo de um navio, via sereias a acenar para mim. Ela (minha mãe) me ensinou que tudo que podia ser bonito e bom, que eu não fizesse mal a ninguém que existisse... e ponto final. Que Deus podia ser uma flor, um pássaro, uma pedra, pois cada um de nós é um pouco disso tudo a cada dia, a cada ano, até a morte. Ai, que saudade dessa mulher incrível, que tão poucos "nãos" me disse.
Sou feliz, amo, sou amada. Essa percepção me leva ao êxtase e a gratidão a todas as divindades por tudo que tenho, sou, serei (???). Por poder caminhar pelas orlas do Rio e enxergar beleza e esperança. Amanhã não sei. Não sei se vou desandar, me dar nós, ficar triste. Só sei que hoje, neste dia 25 de junho de 2006, SOU AMIGA DE VOCÊS E OS AMO."
Manuela
dito por M.
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7 Comments:
Anônimo said...
Manuela e Meraluz..
Que carta mais gostosa de ler,e de saber que vc é tão feliz. Realmente a vida é bem melhor sem complicar...
Beijinho
Lobinha
Darlan M Cunha said...
Entre bromélias, areias, ônibus e pintassilgos, toda aplicada aos amigos e amigas -de perto e anônimos- é o que nos fica da autora desta carta. É o que acha o paliavana4.
Luma Rosa said...
Uma carta de amor a vida!!
Beijus
li stoducto said...
que linda carta, merita!
beijos
Anônimo said...
Que maravilhoso enfoque da vida. E ainda transmite aos outros, por escrito, de maneira tão suave e agradável !
dade amorim said...
Que Deus conserve a Manuela assim, amém! Beijo, Marcinha.
RodD said...
ola! que bonito mesmo... e que tal foi a viajem a OP?
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