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quinta-feira, julho 13, 2006

Efeito colateral



Assim que conseguiu juntar o suficiente para uma vida sem maiores cuidados, tratou de procurar uma casa acolhedora em um lugar aprazível onde ele e a mulher pudessem desfrutar a paz da natureza e uma vida sem complicações. Em pouco mais de três meses se mudavam para uma casinha linda entre a serra e o mar em outro estado, à beira de um lago escuro e plácido, rodeada por um bosque, um jardim que já encontraram florido e um pequeno pomar. Pensaram nos amigos, fins de semana reconfortantes e até férias que poderiam lhes oferecer.
Logo que se mudaram ficavam horas a contemplar o lago, morada de carpas imensas, trutas e cardumes de peixinhos que iam admirar da margem onde se instalavam em cadeiras preguiçosas, cada um com seu livro nas mãos.
Descobriu nesse período que existe uma variedade infinita de insetos de formas e cores interessantíssimas – alguns dos quais incomodam muito, é verdade. Aprenderam depressa a usar repelentes para se defender do lado menos confortável da vida ao ar livre – o que resolvia a situação em parte, porque a mulher sofria de alergia ao cheiro desses produtos e espirrava sem parar depois de usar um deles.
Não pretendiam converter-se em eremitas; sabiam que a convivência dos outros lhes faria falta. A intenção era não deixar passar mais de vinte dias sem uma ida ao Rio para assistir a uma peça de teatro, a um filme ou visitar alguém, além das exposições de pintura que ela curtia.
O lago era um lugar que parecia feito para o silêncio e a meditação, espelhando as margens e o céu, às vezes azulado, outras meio verde ou de um negro absoluto. A água era límpida, plácida. Mais sossego, impossível.
— É engraçado, disse a mulher, numa manhã, duas semanas depois de se mudarem para a nova casa. Você às vezes não tem a impressão de estar em outro mundo?
Era verdade. Talvez porque não viam quase ninguém durante dois ou três dias. Talvez porque o telefone só tivesse tocado quatro ou cinco vezes durante aquelas semanas. Ou porque o silêncio fosse tão denso que era como um rumor surdo e permanente a soar em suas cabeças.
Ao sol, vendo os mosquitos subirem feito nuvem sobre as larvas silenciosas e os tons da vegetação das imediações, o lago parecia ainda mais gravemente imperturbável. Às vezes observavam de perto um ou outro inseto que lhes parecia um ser assustador e mal-encarado.
Era setembro e já começava a esquentar, mas ainda fazia um pouco de frio durante as madrugadas. Haviam-se passado pouco mais de seis meses na nova casa. Nas primeiras duas ou três semanas, ele acordava refeito, contente e disposto, louvando o sono reparador da noite. Mas ultimamente dera para acordar às três, quatro horas e não conseguia adormecer de novo. Perder o sono naquele paraíso de silêncio era uma heresia e o contrariava seriamente. Andava meio desconfiado, por mais paradoxal que parecesse, de que a falta da agitação começava a perturbar seu sossego. O isolamento e a sensação de estar sendo esquecido começavam a estragar os sonhos de uma vida calma e livre naquela casa, idealizada durante tantos anos e construída como um antídoto para os males da civilização predatória em que tinham estado mergulhados nos últimos trinta e poucos anos. Quando o sono afinal o vencia de novo, o céu já ia ficando meio iluminado daquele tom rosado-ouro que anuncia – ou ameaça – a chegada de outro dia.
Acordou numa dessas manhãs às dez e pouco. A mulher o esperava na copa e parecia pensativa.
— Que foi? – perguntou.
— Bem, nem sei como te dizer isso... Mas acho que precisamos de umas férias. Que é que você acha de umas semanas de barulho, poluição e perigo?
Ele sorriu com ar de cumplicidade. E logo depois do almoço daquele dia estavam os dois a caminho do Rio.


dito por dade amorim




4 Comments:




Anonymous Anônimo said...

Gostei quando o li da primeira vez. Mais ainda agora!

14 julho, 2006 01:02  



Blogger li stoducto said...

Olhaí, Deda, gostei tanto, pois retrata a gente, que é bicho urbano e nossas "neuras", que até me motivei pra tirar uma coisica minha do fundo do bau! ;)

um beijo, querida

14 julho, 2006 18:17  



Anonymous Anônimo said...

Fazer pra desfazer e desfazer pra fazer! E vamos que vamos! Beijos, Dade :)
Babe
www.desobjeto.blogger.com.br

19 julho, 2006 19:04  



Blogger Passageira said...

Demorei mas vim! Legal demais este espaço, viu? E seu texto me diz muito! Ando com uma saudade enorme da minha BH!!! rs...
Beijos querida

21 julho, 2006 19:26  



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