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Alguns olhares sobre o Rio de Janeiro, seus costumes, seus becos, suas praias, suas gírias, seus botecos, sua gente, sua graça, e também para os seus desacertos e desgraças (por que não, não é?)... Faça o seu pedido e sente-se a mesa com a gente!







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sexta-feira, abril 28, 2006

este comentário merece um post


ana laura diniz disse...

ok, ok, podem me punir porque só hoje, apenas hoje, não mais do que hoje, tomei conhecimento do "conversa de botequim"........ mas veja lá! paulistana abusada que sou, já vou eu fazer minhas intervenções cariocas....... porque quem me conhece sabe o quão alucinada (é verdade, já fui mais) sou por essa cidade................................................ uma legítima "calango carioca".............

mas penso no rio e não tenho como não pensar em........

- bar do arnaldo. sim, aquela portinhola de restaurante em santa tereza (que dá vista para uma das 594 favelas daquele morro) que serve a melhor comida baiana da face da terra... nem a bahia oferece comida tão saborosa e melhor manteiga de garrafa......................... carne de sol, carne seca, hummm, é de dar água-na-boca....................... com macaxeira, abóbora, sei lá deus. e o bonde nos arcos da lapa... a travessura insensata de experimentar até o estribo...

- feira de são cristovão. queijo de coalho e aqueles bichos despelados à venda nos ganchos... forró rasteiro ao fundo... impagável..................... raramente dançava, mas via............

- em caminhadas noturnas do leblon até a pedra do arpoador... onde o pôr-do-sol é mais bonito que o nascer... sei lá por causa-de-quê..... e daquela sensação que tenho do que não vivi, de lucio alves com doris monteiro cantando "mudando de conversa"...... a-do-ooooooo-ro essa música.... ou mesmo com dick farney, muito antes do mocinho ir para os estates, com "tereza da praia"... e haja praia.

- das praias mesmo, aliás, gosto mesmo é de ver. não de entrar. caminhar rente ao mar. molhar os pés... mas é assim: calça de tecido levinho, chinelos entre os dedos das mãos... blusa branca e chapéu... e água, muita água nos pés, e vez e outra, surpreendida com uma marola mais forte nas pernas.

- dizem que rio de janeiro tem cheiro de samba, sol, suor e cerveja. sei lá. talvez seja isso também. mas ainda descubro oito violinos, duas violas, cello, oboé, piano e violão por detrás da pedra da gávea ou do morro dois irmãos. e laranjeiras, o bairro que não dá fruta. ou dá. gosto de cosme velho, urca, humaitá. gosto de outras coisas mais. do cristo de braços erguidos sobre mananciais das gentes...................... de gentes............................. de toda gente, da lembrança do profeta gentileza.
gentileza.

gentileza em conversa. em conversa, prosa, papo, leva de botequim.

sem lá nem crá, cheguei. sem crá nem lá me vou. mas antes... bem, antes... vou parar na ataulfo paiva, no sujinho (leia-se: qualquer boteco onde sanduíche se come em pé. e o suco é feito na hora. nada de polpa. fruta meessmo) que tem na esquina com a aristides espínola e ...

"Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada"

e o rio é mais, muito mais. qualquer dia desses abuso mais e conto pra vocês... o rio que carioca não vê, mas que paulista sente. niterói que não anda de costas, angra, mangaratiba, itacuruçá, itaguaí, parati.....

eu amooooooo o rio. paulistana de nascença, mineira por devoção, carioca de coração.

beijos, saudades e avante! que agora não saio mais desse bar................

Ana Laura Diniz


dito por li stoducto

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quarta-feira, abril 26, 2006

Curso



RIO NO REAL:

LER A CIDADE COM OS OLHOS DA CULTURA

Período: de 03/05 a 28/06/2006 (9 encontros)

Ementa:

O Rio de Janeiro: história e cultura. Formação da cidade e sua expansão. Os marcos arquitetônicos ao longo dos séculos. Os traços portugueses ainda presentes em várias manifestações culturais. A evolução das práticas de sociabilidade. Textos significativos de autores portugueses e brasileiros, como testemunhos do perfil único da cidade. (Previsão de visitas a pontos de interesse)

Dia da semana: quarta-feira

Horário: 14: 00 h / 16:30 h

Local: Real Gabinete Português de Leitura

Real Gabinete Português de Leitura

Rua Luís de Camões, 30 - Centro

CEP: 20051-020 – Rio de Janeiro - RJ

Tel: 2221-3138 Fax: 2221-2960



dito por Ivy

3 comentário(s)








terça-feira, abril 25, 2006

Poema para o Rio



Suor e maresia
nos envolvem.
Sente-se o mormaço
do calor do dia
no corpo todo,
no requebrado das mulheres,
nos olhos masculinos
deslizando pelas ancas .

Observa este povo,
e saberás a cadência
da música,
de onde vem, de onde vem,
de onde...

Atenta o ouvido
e perceberás o ritmo
nos ruídos cotidianos.
Assim como os saltos
nas calçadas,
um cantarolar surdo
que nos atravessa.
A música a sobrepor-se
ao lado áspero
da cidade grande,
a alegria.

Todos os caminhos dão no mar,
chamado irresistível,
oceânico,
de nos desfazermos n'água.
De nos despirmos
da pele de circunstâncias.

O olhar atento verá
por entre os edifícios,
a história,
a mistura das raças.
O negro que há em nós,
música e libido à flor da pele.
O índio,
liberdade e selva
e o sorriso.
O europeu,
pose e civilidade
que absorvidas
pelas tentaçôes da cidade
dão o tom anárquico
que o Rio parece ter às vezes.

Praias e montanhas,
floresta e oceano,
vales e rios.

A mais bela geografia,
a acolher todos os gostos.
A música a tomar-nos
a cada passo.

Ando pela cidade e a amo
com a consciência crucial da beleza,
da alegria , da miséria.
Da cidade sedutora.

Rio de Janeiro,
céu, inferno,
e purgatório.



Silvia Chueire


dito por Silvia Chueire

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segunda-feira, abril 24, 2006

O Rio por Chico - duas paixões



Acordei sonolenta, nesta manhã, como ocorre em todos os domingos, e fui pegar o jornal na porta. Despertei-me inteira ao ver, na primeira página do jornal O Globo, aquela foto enorme de Chico. Seus olhos azuis realçados pelo relógio da Central ao fundo. Chico e Rio de Janeiro exercem um poder supremo sobre a minha capacidade de emoção. E, só por isso, meu domingo já teria valido a pena. Dentro, na Revista de Domingo, também ele na capa, sob o título "Ele é Carioca". É sim, nada é mais carioca do que Chico Buarque. E era a sua voz, o seu canto, que estava faltando neste nosso cenário de desesperança. Agora, num gesto de amor à cidade e também às suas mazelas, ele lança o novo CD, intitulado CARIOCA e voltado para um lado do Rio mais esquecido, que não sai em cartão postal, mas que é forte e deve ser cantado.

E ele diz: "O Rio está ferrado. A classe média está apavorada e os favelados são tratados como subcidadãos". É verdade, Chico. O Rio tá ferrado, assim como o coração de seus amantes, mas seu canto de amor à cidade, nem sempre tão maravilhosa nos dias de hoje, há de aliviar algumas feridas.

O cotidiano carioca sempre esteve presente no trabalho de Chico, com as mais pitorescas imagens, quase pictóricas, e com frases musicais que só sairiam daqui deste pedaço. Do sinal fechado onde o pivete vende chiclete às casas simples dos subúrbios com cadeiras na calçada, passando pela ópera da boa malandragem, Chico sempre soube traduzir com perfeição a alma do Rio.

Canta, Chico. Canta por nós, canta nossas mazelas e nossas delícias. Faltava a sua voz. O Rio de Janeiro agradece. Estou mais feliz.

Entrevista completa à Revista de Domingo

Clip de trechos da entrevista


Subúrbio (canção do próximo CD)

Lá não tem brisa
Não tem verde-azuis
Não tem frescura nem
atrevimento
Lá não figura no mapa
No avesso da montanha, é
labirinto
É contra-senha, é cara a tapa
Fala, Penha
Fala, Irajá
Fala, Olaria
Fala, Acari, Vigário Geral
Fala, Piedade
Casas sem cor
Ruas de pó, cidade
Que não se pinta
Que é sem vaidade

Vai, faz ouvir os acordes do
choro-canção
Traz as cabrochas e a roda de
samba
Dança teu funk, o rock, forró,
pagode
Teu hip-hop
Fala na língua do rap
Desbanca a outra
A tal que abusa
De ser tão maravilhosa

Lá não tem moças douradas
Expostas, andam nus
Pelas quebradas teus exus
Não tem turistas
Não sai foto nas revistas
Lá tem Jesus
E está de costas
Fala, Maré
Fala, Madureira
Fala, Pavuna
Fala, Inhaúma
Cordovil, Pilares
Espalha tua voz
Nos arredores
Carrega tua cruz
E os teus tambores

Vai, faz ouvir os acordes do
choro-canção
Traz as cabrochas e a roda de
samba
Dança teu funk, o rock, forró,
pagode
Teu hip-hop
Fala na língua do rap
Fala no pé
Dá uma idéia
Naquela que te sombreia


dito por M.

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sábado, abril 22, 2006

RIO DE JANEIRO: Sépalas


A síntese de sua individualidade nem mesmo esta cidade pode revelá-la de todo, dando-se a conhecer de modo a que não lhe faltem previsões sobre seus tropos de cólera e de sua lavoura arcaica, dos aquedutos e de seus ovos futuristas, com o fito, talvez, de rebocá-la para um local de ganhos inauditos e vestir-lhe alguma indumentária mais ancha, ou mais breve. Duma jangada de pedra lhe veio algo, e assim se viu real estrada, reflexos do grande b/arco incipiente.

Nunca vencida em seu tempo de contentamento, a cidade em questão continua gerando e gerindo o assombro a quantos lhe entrem através seja da serra, do mar ou do ar, ainda sem saber que, entre o temível bafo da razão e o sabor amaro da desrazão, ela, a cidade, passeia e faz lastro ao riso, mesmo que em todos os cartórios e tribunais as ancas do Tempo estejam no limiar do impossível, enquanto a glote do medo assenhora-se tanto das praias e praças quanto das criaturas que nela perpassam sua bossa em busca do mais descansado rumor.

A dor morará nos museus.

Na palma da mão, um cão soergue o que não há de bisonho no Homem, alça uma pata ao afago do calçadão sobre e a partir do qual a antiga suicidade ou monstrópole resolveu acudir a si mesma, sentindo que na calma de um não se pode ver o colostro, desviado, fluir para longe da dignidade perene que a sua finalidade exige. Execráveis bitáculas empunham o dia, e veneráveis padarias se abrem para que o cisco solar lhes entre de sobejo com a trilha do mar sendo festa de abricós, mangueiras e castanheiras.

Ainda hoje, às vezes, receio que a Cidade Maravilhosa maravilhas não nos possa mais mostrar, como uma boa velhinha trazendo petiscos aos netos e netas (não a velhinha avarenta que libertou o jovem Raskolnikov). Ledo muxoxo, engano.

A dor morará em museus, e, parece, mas a cidade do Rio de Janeiro permite isso.


colaboração de Darlan M Cunha
Belo Horizonte, 10-04-2006


dito por li stoducto

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quarta-feira, abril 19, 2006

Tem gente nova no pedaço!!!




Primeira vez por aqui!
Eu venho chegando nesse blog, como uma típica carioca que chega num bar em alguma esquina do Rio de Janeiro.
Nem pedi licença e já estou puxando uma cadeira, chamando o garçom,
Só depois de feito o pedido, dou boa noite a quem já esta na mesa e me intrometo numa típica conversa de botequim!
Os ventos que aqui me trouxeram tem nome, e sobrenome:
Li Stoducto...
É um prazer te acompanhar nesse chope gelado [sim porque o chope gelado é um tipo de senha para convívio oficial da cidade]
Ainda mais com essa brisa gostosa que vem do mar
Um dedinho de prosa, entre amigos [ainda que virtuais] é coisa tipicamente carioca, sim?
Então, sobre o que eu poderia falar aqui?
Sobre o orgulho de morar num lugar onde milhões gostariam de passar as férias?
Sobre nosso amor ao rio de janeiro, suas belezas, sua gente bem humorada, sua ginga, sua musicalidade e hospitalidade?
Sim, eu poderia falar sobre esse tudo de bom que é a carioquice que temos em comum.
Mas por enquanto, eu quero apenas me apresentar e dizer uma coisa bem simples:
É muito bom estar aqui com vocês!!!


Carol Rodrigues


dito por Carol Rodrigues

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terça-feira, abril 18, 2006

O encontro


- Eu não, ele disse.
- Nem eu, disse ela.
E recusaram a oferta do cardápio.

Não se conheciam e esperavam amigos sentados à mesma mesa do bar. Tinham marcado às sete.
Quinze minutos, já.
Ela mignon, os cabelos longos levemente ondulados, olhos castanhos a observar tudo, vivos. Uma boca pequena e carnuda e os seios insinuando-se levemente entre os primeiros botões da blusa.

Ele observava.Era levemente alourado, o cabelo cacheado - como anjo barroco, ela pensou - os olhos miúdos e muito azuis confirmavam a impressão. Mas não a boca, esta não era de anjo. Definitivamente, disse para si mesma, não é.

Os olhos de ambos comendo o que as mãos teimavam em esconder. A tensão.

- Estão demorando, não ?
- É, estão.


Ele fazia que olhava em torno distraído, e pensava como sairia daquela situação. Todo ele voltado para ela. E perscrutava as mãos delicadas, os pelos dourados nos braços dela e o rosto. Ah, o rosto e aqueles lábios. Inquietava-se ligeiramente com a excitação, o desejo de um corpo que mal vira e parecia conhecer. Como se tivesse sido sempre assim, seu corpo atraído pelo dela. No entanto nunca a tinha visto antes, seu encontro ali era puro acaso.

Ela notou o olhar rápido dele para sua blusa e soube. Nada fez para ajeitá-la. Podia fechar um botão. Mas aí ele pensaria que ela estava deliberadamente dizendo-lhe que vira-lhe o olhar - e ele se ofenderia. Além disso e a sedução que sabia exercer, depositada naquela pequena abertura?Não quis abrir mão dela.

E a blusa continuou como estava.
E aquele olhar volta meia lhe riscava o corpo, em pleno silêncio constrangido – só o ruído dos copos, das vozes, da fumaça expelida.
Espreitou-o enquanto ele chamava o garçom. A boca que...

- Hã? Fez-se de distraída quando ele lhe perguntou se queria uma cerveja.
- Quer? Ele perguntou novamente, desta vez olhando-a nos olhos e mantendo-os nos dela, sem mencionar a cerveja.
- Quero. Respondeu-lhe sustentando no olhar a resposta que continha muito mais do que dizia. Quero, pensou, o pensamento depositado nos olhos. Ele percebeu. Sorriu um sorriso discreto para ela, para si mesmo.
E pegou a sua mão, puxando-a levemente para si.Levantaram-se sem esperar os amigos, pagaram a conta, e foram-se.
As mãos dadas, e os sorrisos.



Silvia Chueire


dito por Silvia Chueire

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quinta-feira, abril 13, 2006

Que bela gata amarela



Tomou o metrô na Siqueira Campos à tardinha. Vestia jaqueta de brim cinza, saia de leve algodão florido e sandália de dedo branca e azul. Nos tornozelos, correntes prateadas. Nos dedos – todos – anéis de variados tamanhos e materiais. O cabelo era louro de farmácia, a pele queimada de praia, as unhas pintadas de preto. Óculos escuros tipo deixem-me só. Carregava uma mochila meio ensebada azul-cinza de náilon. Assim que sentou no canto da janela, penúltimo banco, escondeu o rosto no braço, apoiado no rebordo da vidraça, e viajou assim imóvel até a Saenz Peña, só os cabelos amarelos à vista. Esperou que o trem parasse e abrisse as portas, e foi a última a sair. Flutuou na saia leve como se voasse escadas acima, e se alguém fixasse o olhar em seu rosto veria as espinhas, mas isso não aconteceu. Ela foi mais rápida. Cruzou o espaço entre a saída da estação e o microônibus que a levaria até a Usina da Tijuca, acomodou-se no último banco da direita, junto à janela, e tornou a mergulhar o rosto no braço dobrado. Magrinha, miúda, imóvel e secreta.
Na Santa Clara, dona Selma entrava no quarto e encontrava o armário aberto e as gavetas viradas no chão. Logo dava falta de suas jóias e dos dólares, mais ou menos no momento em que ela apeava no ponto final do ônibus.
— A desgraçada! A larápia! – vociferou a gorda senhora. Nem ao menos sei onde essa infeliz se esconde. No segundo dia de trabalho! Por isso saiu sem se despedir! E eu nem sei onde...
No início da Rocha Miranda, mochila afivelada às costas, montou na moto que a esperava, o piloto de capacete negro, jaqueta de couro e bermuda jeans. Nos pés, chinelo de dedo.


dito por dade amorim

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quarta-feira, abril 12, 2006

Essa é bem de botequim carioca...


Destaque do Botafogo e do futebol carioca, artilheiro Dodô revela sua paixão pela cidade


A família de Dodô mora toda em São Paulo, onde, até domingo, ele tinha vivido os melhores momentos da carreira. Mas a identificação com o Botafogo, ainda maior depois do título conquistado no domingo, tem feito o atacante criar raízes. Campeão, artilheiro e destaque do Campeonato Estadual, ele é mais um a engrossar o contingente de paulistas que chegam, vêem e se apaixonam pelo Rio de Janeiro.

- Sou um cara extrovertido e a cidade é assim. As pessoas são comunicativas, fáceis de lidar e aqui tem praia, coisa que adoro, me deixa bem disposto — revelou.

A atração de Dodô pela cidade, de fato, começou a nascer há oito anos, durante os dez meses em que vestiu a camisa do Botafogo, entre 1998 e 1999. A mulher Tatiana, casada com o jogador há dez anos, lembra que ambos chegaram a pensar em fixar residência por aqui, mas não tiveram coragem de bancar a distância das famílias. Para não ficar longe do mar, Dodô comprou uma casa de veraneio no Guarujá, litoral paulista. Mas o início de temporada tão promissor voltou a mexer com a cabeça do casal. Tatiana, que naquela primeira ocasião sacrificou o trabalho e a faculdade para acompanhar o marido, diz que o sonho carioca pode, sim, se realizar:

- Ele tem um carinho gratuito pelo Botafogo e pelo Rio. Outro dia, disse que, se tudo der certo, quem sabe compramos um flat ou um apartamento de dois quartos.

(in O Globo, 11.04.2006)

Nota: deixo claro que a autora deste post é profundamente Flamenguista :)


dito por M.

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segunda-feira, abril 10, 2006

Os Dois


Esta música é da Lisa Ono, a cantora japonesa (nissei) mais carioca que já conheci na vida, com letra da carioca Ana Terra que faz uma homenagem, a dois cariocas maiores: VINICIUS DE MORAES e TOM JOBIM - que, ao meu ver, são dois reluzentes "faróis" que nunca vão se apagar...



Os Dois

(Lisa Ono - Ana Terra)


Lá de onde eu vim
Vem um segredo, lenda,
Enfim parece sonho zen,
visão,
mas é assim:

Dois brilhantes astros
Aos amantes se revelam
E só pra eles surgem
Belos a luzir

Não há nada igual
Na imensidão
Luas, faróis,
Naves, balões,
Constelações
Nem pôr do sol

Mas desde o início
Da paixão reconheci
Um é Vinícius
O outro é Tom
Eu também vi


(clique no player para ouvir)

Música do CD "LISA ONO - BOSSA CARIOCA", de 1998, com produção de Paulo Jobim, Daniel Jobim e Lisa Ono.


dito por li stoducto

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sexta-feira, abril 07, 2006

Cimento e rosas


Toda vez que passo na esquina arcangélica das ruas são Miguel e são Rafael meu coração ensaia um pequeno vôo e meus pés querem tomar a direção da casa de varanda e jardim, hoje protegida por um muro áspero de cimento cinza. Tenho que fazer um esforço para desviar daquele portão e seguir meu caminho. Agora moram lá outras pessoas, a casa está meio decadente e perdeu o charme, seria doloroso vê-la de novo por dentro sem as flores, o cheiro bom daquele tempo e a luz que o riso de tia Anita irradiava. Nem se justificaria entrar na casa dos outros, na certa iam desconfiar de assalto e eu ia parar na décima nona depê.
Tia Anita morava naquela casa com o marido, meu amado tio Marcelo, e o filho mais novo, por quem fui absolutamente tresloucada até os quinze anos, e que acabou casando com a vizinha, depois de se desiludir com uma menina que foi sua grande paixão. Mas isso é outra história. Os vizinhos os consideravam pessoas abastadas. Não eram, hoje sei. Mas naquele tempo a medida para avaliar os bens de alguém não passava apenas pelo que esse alguém efetivamente possuísse, mas por seu modo de viver, e a casa deles era uma delícia de conforto e bom gosto.
Tio Marcelo foi a ovelha negra de uma família tradicional de Botafogo, e os nomes de seus parentes estão gravados nas placas de muitas esquinas do bairro. Foi um boêmio incorrigível, os pais viviam sobressaltados por causa dele. Tantas aprontou que o pai, um senhor daqueles que podem se permitir uma austeridade inflexível, resolveu que ele devia parar de comer caviar em baixelas importadas.
Recomeçar a vida como funcionário dos correios, que naquele tempo era um emprego razoável, não foi tão ruim. Lá ele fez bons amigos, alegre do jeito que nunca deixou de ser, e conheceu tia Anita, na flor dos dezoito, com os enormes olhos castanhos e os dentes perfeitos da família de mamãe – que eu, snif snif, não herdei. Velho lobo de trinta e poucos anos, boêmio e pé-rapado, parou diante dela e caiu fulminado por uma paixão que durou toda a vida. Fogo e pólvora não se encontram impunemente. Casaram em seis meses, literalmente babando um pelo outro. A mãe dele abençoou a nora, anjo salvador, e lhe declarou amor de mãe. Herança, nem pensar: estava comprovado que o dinheiro estragava aquele estróina, e agora ele teria todas as razões do mundo para desunhar firme, ser homem útil à sociedade, comer pão com suor – coisa que ele, um gourmet refinado, positivamente não faria. Mas enfim, se queria continuar com seus lagostins e torradinhas, que fizesse por onde.
Sem herança, eles eram a fome e a vontade de comer. Tio Marcelo, educado na Suíça, francês fluente, conhecedor de etiqueta e arte; tia Anita, educada aqui mesmo em colégio público de bom ensino, também traçava lá seu francês, lia muito e fazia versos românticos. Mas mãe é sempre mãe. A sogra lhes deu a mobília da sala, ébano e cristal bisotado. As famílias e os amigos providenciaram o que faltava, e não foi pouco.
Tio Marcelo plantou rosas no jardim, quando mudaram para a casa da esquina. A mesa era posta com castiçais, talheres de alpaca e porcelana. Claro, ao longo dos anos ele pulou a cerca algumas vezes, mas o casamento não se desfez: tia Anita segurou todas as barras. Saíam de cada crise ainda mais unidos. Pareciam feitos um para o outro, e nem nos piores momentos se falou em separação. Tia Anita se foi dois meses depois dele.
Foi pela mão de tio Marcelo que muito cedo conheci os museus de arte e o teatro. Era louco por Balzac, me emprestava seus livros de poesia francesa e me apresentou aos licores italianos e ao vinho branco. Me falava de Veneza, Paris, Londres e de uma cidadezinha suíça que fui conhecer muitos anos depois. Eu o escutava fascinada, porque ele era um ator e tanto. Incentivava minhas aulas de pintura como se eu fosse uma vangoga em potencial.
Quando passo por aquela esquina arcangélica, parece que estou ouvindo o riso de tia Anita. Evito olhar o horrendo muro de cimento cinza, que me dá uma tristeza dessas que choram no meio do esterno, e na memória me aparecem as rosas com cheiro e tudo. Mas a casa da esquina, antiga morada das flores e da beleza, caiu na real da morte lenta que ora sepulta o Rio. Devem ter cimentado o jardim também.


dito por dade amorim

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terça-feira, abril 04, 2006

Convívio a céu aberto


Impressões de um paulista sobre o passeio público carioca

Por Thadeu Melo



O lugar onde mais me sinto um paulistano no Rio é na rua, no passeio público. E aqui essa designação para calçada faz muito mais sentido. Claro que aqui "passeio público" é uma expressão antiquada tanto quanto em São Paulo, que já adquiriu outro sentido no idioma brasileiro. Mas a calçada , antes de ser um lugar por onde as pessoas passam, é um espaço onde as pessoas estão. Inteiramente. Não apenas se locomovendo.
Mas a passear, passar, caminhar, ir de aqui pra acolá sem muito objetivo de chegar, aproveitando o estar por ali. Ainda que seja para olhar vitrines, conferir um barulho, uma muvuca, um artista. Ou simplesmente estão na rua, assustadoramente à vontade, como um paulistano em uma praça de alimentação de shopping. Como um caipira em uma praça do interior. Parados ou flanando, estão ali, encostados num poste, em atitude nada suspeita, sentados num banco na calçada, que aqui existem muitos. Reunidos em plenária de porteiros, de madames, de bad boys, pés-sujos, jogadores de dominó e até de gamão!

E estando todos, ou muitos – porque grande parte noiada também não sai do carro –, ali se percebe um outro clima social. Uma outra dinâmica de contato entre os seres humanos, a qual se reproduz em outras instâncias de convívio. Você está aqui, eu também, estamos no mesmo espaço, a qualquer momento podemos comentar qualquer coisa que se nos pareça merecedora. A violência do charme da mulata, a beleza do crime sem vítimas, a escrotidão do Globo Repórter, os fantasmas dos nativos que perambulam pela praia ou pela lagoa, supérfluos em geral. Desenrola-se um bate-papo a necessidade do estabelecimento do contato. O contato existe e é anterior ao encontro. O compartilhar do passeio já é um ponto comum a todos.

Facilmente se percebe um paulistano nesse contexto. Porque lá não existe o espaço a céu aberto. Sim, existe, claro, mas é uma parcela da cidade muito menor que no Rio. As coisas lá acontecem indoors quase sempre. Na rua não há espaço para aglomerações. As praças que existem estão quase sempre vazias. Os parques reproduzem essa mesma estrutura psíquica paulistana. O ser humano não compartilha o ambiente natural, não há praticamente nenhum elemento natural na paisagem, o skyline é um evento distante do pedestre, ocorre no alto, lá em cima, dificilmente na linha do horizonte.

É por isso que um paulistano nas ruas do Rio sempre dá pala, dá bandeira. Ou está freneticamente se deslocando de um lugar a outro, ou rigidamente passeando ou vagarosamente a observar deslumbrado. É batata! Nunca consegue passar aquele ar desleixado de embriaguez permanente tão típico dos seres humanos daqui.

A descontração a céu aberto é uma característica que o ser que habitou a capital paulista por muitos anos tem de desenvolver aos poucos. E o faz muito bem, pois sabe aprender. Passear no Rio é uma lição gostosa que todo paulistano deve experimentar. Você fica mais conterrâneo aprendendo estar carioca, deixando enebriar-se pelo espírito ancestral do passeio público, do andar pelas calçadas.


dito por Silvia Chueire

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segunda-feira, abril 03, 2006

Os bondes do Rio Antigo


Há tanta poesia nos bondes do Rio Antigo... Há tanta poesia no Rio Antigo.

...


o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
(Drummond)



dito por M.

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sábado, abril 01, 2006

Jano no Rio de Janeiro



CORCOVADO - Do alto dos seus 700 e tantos metros, o Cristo Redentor abençoa a cidade e seus numerosos pecados... que Ele nos perdoe a rede brasileira!

"Durante 50 dias, o desenhista francês Jano, perambulou pelos diversos bairros da cidade. A partir de Santa Teresa, refúgio do artista, ele participou da vida da cidade: feijoada no Morro de São Carlos com os moradores, Fla x Flu no Maracanã, churrasco no subúrbio e até locais óbvios e necessários como a Praia de Ipanema e o Pão de Açúcar.

Seus admiradores dizem que, mais do que retratar com fidelidade a arquitetura do Rio de Janeiro, Jano conseguiu captar a "alma" carioca.

Mas, ninguém melhor do que o próprio desenhista para descrever a sua relação com a cidade: Olhei com mais atenção para coisas triviais da vida cotidiana, tentando ver o Rio com a visão do carioca, sem os vícios do turista. O Rio tem muito humor e sutileza."

em Cidades Ilustradas


dito por li stoducto

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